Linguagem ou Experiência, quem nasceu primeiro?
"Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo."
Ludwig Wittgenstein
A velha pergunta acerca do ovo e da galinha é uma constante que em alguma parte de sua vida aparece ou, muitas vezes reaparece. Não importa o que você pense, mas há de concordar que uma galinha nasce de um ovo. A questão, então, passa a ser quem pôs o primeiro ovo?
Com a linguagem a controvérsia existe por isso a pergunta: quem nasceu primeiro, a linguagem ou a experiência?
O que é experiência e o que é linguagem? Linguagem é qualquer meio que se utiliza para transmitir uma informação de um emissor a um receptor. Experiência é a ideia que gerou tal informação e que, por diversas razões, pode não ser a mesma entre quem emite e quem recebe. Afinal, o que vem primeiro, a experiência ou a linguagem?
Há milhões de anos, quando nossos ancestrais vagavam pela savana à procura de alimento, certamente, eles tinham em mente aquilo que poderiam perseguir e, principalmente, aquilo de que precisavam fugir. Eles não possuíam linguagem, como a conhecemos hoje, apenas tinham em suas mentes a representação do que vivenciavam.
Tempos depois, inventaram uma forma criativa de transmitir isso aos demais, criaram as pinturas rupestres, o meio de comunicação mais antigo da humanidade. Essa forma de comunicação expos, juntamente com a forma primitiva de comunicação, mais duas grandes habilidades humanas, a criatividade e a inventividade.
As pinturas rupestres transferiram para as rochas o que havia dentro da cabeça de nossos antepassados, ou seja, a experiência subjetiva que desejaram compartilhar com os demais e com a posteridade. Essas gravuras, datadas de 40 mil anos antes de Cristo evoluíram lentamente, mantendo a qualidade de suas tintas e aprimorando os traços, algumas se tornando verdadeiras obras de arte.
Somente muito tempo depois, cerca de três mil anos antes de Cristo surgiram os hieróglifos, cuja origem etimológica vem de duas palavras gregas: (hierós) sagrado, e (glýphein) escrita. A importância dessa descoberta era tão grande que apenas os sacerdotes, os membros da realeza e os escribas tinham acesso aos domínios da arte de ler e escrever esses sinais sagrados. Os egípcios, os hititas e os maias deram vazão à essa linguagem baseada em códigos, que sobreviveram até meados do século V dC, quando as novas línguas dominaram esses povos, com a influência do cristianismo.
Por volta de 1000 aC surgiu o alfabeto fenício, que foi adotado pelos gregos romanos. Somente no século VIII o alfabeto Romano ganhoi forma e se espalhou pelo mundo. Ou seja, os simbolos que expressavam as experiências foram se modificando. Os números, invenção dos fenícios, cujos simbolos de quantidade datam de 300 AC, que também criaram o dinheiro, evoluíram e ganharam as características que temos hoje, de 0 a 9, somente por volta do século XVII.As letras, como as conhecemos hoje, associadas aos números, são evoluções de símbolos que nossos antepassados usavam para representar suas experiências internas. As letras são como o DNA da comunicação, só fazem sentido quando agrupadas numa determinada ordem e com base em regras gramaticais. Mesmo assim, muitos de nós temos dificuldades em encontrar a ordem certa das palavras para expressar nossas experiências.